O Museu Histórico Willy Barth recebeu, na última sexta-feira (5), a doação de uma coleção com 11 telas assinadas pela artista plástica Edy Braun. Nelas estão retratados diversos momentos do passado e cenários atuais de Toledo, uma forma que a autora encontrou para presentear o município, que está prestes a comemorar 70 anos de emancipação político-administrativa.
Segundo a secretária da Cultura, Rosselane Giordani, a história desta doação inicia-se em 2015, na época em que a nova sede do Willy Barth foi inaugurada, quando Edy Braun assinou obras que fizeram parte da exposição “Ontem e Hoje: olhares sobre a cidade”. “Recentemente, ela nos procurou para fazer a doação de dez telas remanescentes daquela exposição e uma da fachada do espaço (feita a posteriori), como forma de marcar as festividades do aniversário de Toledo. São telas nas quais fotografias e imagens que fazem parte do acervo do museu transformaram-se em pinturas que, ao mesmo tempo, dão um ar clássico e contemporâneo a estes cenários. Já estamos planejando uma maneira de dar o maior destaque possível a estas obras para que a população possa admirá-las e apreciá-las, incluindo-as, por exemplo, no roteiro da visitação guiada, do projeto ‘Conhecendo Toledo’, mostrando que arte e história são expressões humanas que podem caminhar sempre juntas”, explica.
O processo criativo
Edy Braun explica que dez das 11 telas doadas faziam parte de conjunto de 20 obras, nas quais dez retratavam o período entre 1946 (início da colonização do município) e 1985 e as demais já apresentavam paisagens pós-1985. “Nos cenários mais antigos apliquei tons sobre tons, cores mais vivas, típicas de um estilo que chamo de ‘indianismo’, com ares de pigmentação natural, da maneira como muitos povos originários do nosso país fazem arte até hoje, uma homenagem à parte da minha descendência, de origem guarani”, comenta a autora, que também tem descendentes italianos e portugueses em sua árvore genealógica. “Nas outras dez telas já me permiti utilizar conceitos do impressionismo e do realismo. Neste trabalho, em todas as telas, procurei transmitir em cada pincelada as sensações que a natureza desperta em mim. Sou paranaense de Pato Branco, vim em 1981 para Toledo, que me recebeu de braços abertos. Esta doação é uma maneira singela de retribuir ao município tudo o que ele tem me dado em termos de satisfação, reconhecimento e incentivo à minha arte”, agradece. “Tenho uma forte identificação com todos os cenários retratados e quero que, por meio destas telas, as crianças saibam, por exemplo, como foi este tempo no qual as famílias eram numerosas e havia um convívio comunitário mais intenso. São fotos feitas com o olhar da época destas pessoas sendo ressignificadas pelas minhas mãos, o que me dá muito orgulho”, salienta.
Vem aí…
Professora universitária aposentada, Edy Braun mantém uma rotina altamente produtiva, aproveitando cada minuto com o máximo de criatividade e versatilidade. Além da pintura em tela, ela também tem trabalhos em outras expressões das artes plásticas, como escultura e porcelana, e na literatura, dando nome a um concurso de crônicas e poesias, que neste ano chega à 8ª edição. “No mundo literário eu sou simplesmente Edy Braun, a poeta. Nas artes plásticas, no entanto, eu sou a Tayaa, alguém que se ensaia no mundo das experiências sensoriais”, pontua.
Os vencedores serão conhecidos no próximo domingo (14), durante as atividades da 1ª Festa Literária de Toledo (Flit), ocasião em que a artista vai expor, no hall de entrada do Teatro Municipal, quadros inéditos de sua autoria. “Vamos ter ali pinturas que se concatenam com poesias a respeito de aquarelas. É um trabalho que já está pronto e nos próximos meses quero também apresentar telas com paisagens naturais, mas da forma como são percebidas por um internauta, isto é, traduzindo na tela o que as pessoas sentem ao verem estes cenários pela tela do computador ou do celular”, comenta. “Tenho orgulho de tudo que construí no mundo acadêmico e profissional, mas me sinto plena ao me expressar por meio da arte. Gosto muito das coisas que faço em meu ateliê. Eu não ‘vivo da arte’, eu vivo com arte, pois ela está presente em todos os momentos da minha existência”, exalta Edy, que tem licenciatura em Filosofia, especialização em Antropologia Filosófica e mestrado em Metodologia de Ensino.