O aumento nos casos de Covid-19 em Toledo nas últimas semanas deixou as autoridades de Saúde preocupadas. Em termos gerais, houve crescimento de 27,96%, isto, o número de pessoas infectadas aumentou de 3.906 para 4.998, no período de 25 de agosto a 14 de setembro.
Este pico ficou acima da média em comparação a outros grupos. Entre os agricultores, por exemplo, o aumento foi de 233,33% no período, saindo de nove para 30 casos. Também foi registrado um aumento em outras quatro categorias: aposentados (179,41%, de 34 para 95 casos), desempregados (170%, de dez para 27), donas de casa (118,87%, de 53 para 116) e estudantes (107,14%, de 14 para 29).
De acordo com a médica do Comitê Técnico do Centro de Operações Emergenciais (COE) Gabriela Kucharski, a ascensão no número de casos entre estes grupos preocupa em razão da rotina mantida por cada cidadão. “São pessoas que, em teoria, não precisam sair tanto de casa ou circular por lugares onde há um grande número de pessoas. Isso nos faz crer que outras pessoas levam o coronavírus para seus lares ou que nas saídas esporádicas que fazem podem não adotar os devidos cuidados”, pontua.
Entre as pessoas que trabalham fora de casa na área urbana houve, no período de 20 dias, acréscimos significativos entre empresários (400%, de um para cinco casos), colaboradores de imobiliárias (1.200%, de um para 13), clínicas (200%, de seis para 18), escritórios de advocacia (idem), serviços financeiros (183,33%, de 12 para 34), supermercados (163,63%, de 11 para 29), empresas de varejo (163,63%, de 11 para 29) e restaurantes (70%, de dez para 17) e trabalhadores das áreas de entretenimento (120%, de cinco para 11), transportes (120%, dez para 22), construção civil (118,18%, de 22 para 48) e estética (83,33%, de 12 para 22). Autônomos (93,33%, de 15 para 29) e diaristas (91,67%, de 12 para 23). Também estão nesta lista os profissionais de educação física (quatro casos) e funcionários de laboratórios e farmácias (oito casos).
Apesar da profusão de casos em ambientes de trabalho, a transmissão laboral não é a principal “vilã da história”, pois 23% dos casos foram presumidamente contraídos nestas circunstâncias, mesma percentagem das contaminações domiciliares e metade (46%) da infecção comunitária – 1% foi em viagens e em 7% são de origem desconhecida. “Neste panorama, o que mais nos preocupa são as pessoas idosas, representadas sobretudo entre os aposentados, trabalhadores rurais e donas de casa, os quais representam 31 dos 51 óbitos registrados em Toledo até 14 de setembro. Para eles, a letalidade da doença é maior do que entre aqueles que fazem parte da população economicamente ativa, os quais, quando contaminados, desenvolvem geralmente sintomas leves, mas podem passar o novo coronavírus para quem este pode ser fatal”, alerta.