A convite da Secretaria de Assistência Social (SMAS), autoridades dos poderes Executivo e Legislativo Municipal participaram, na manhã desta quarta-feira (10), do ato que marcou o primeiro aniversário da Casa de Passagem de Toledo. Nestes 12 meses de funcionamento, o espaço já abrigou 350 pessoas de dez nacionalidades, as quais recebem o suporte necessário enquanto buscam um recomeço para suas vidas – cerca de 20% delas já superaram a situação de rua em que se encontravam antes de serem encaminhadas ao equipamento público.
Das 29 vagas disponíveis no serviço de acolhimento institucional, 26 estão ocupadas, sendo que 100% da ala masculina (21 lugares) está preenchida; este índice no setor destinado a mulheres e famílias (8 lugares) é de 62,5%. Todas estas pessoas acompanharam o discurso das lideranças e puderam desfrutar de um café da manhã especialmente preparado para a ocasião pela Cozinha Social.
A titular da SMAS, Solange Silva dos Santos Fidelis, e a diretora da Proteção Social Especial de Alta Complexidade da pasta, Marília Borges Leite, destacaram a importância da Casa de Passagem para as políticas públicas em assistência social no âmbito municipal. “A instalação desta estrutura representa uma grande conquista, um sonho que foi concretizado, luta de anos, pautados em gestões, no Conselho de Assistência Social e nas Conferências de Assistência Social. Além do que, trata-se de um serviço essencialmente feito por muitas mãos, principalmente na relação entre as políticas de assistência social, saúde e segurança pública. Por isso, esse primeiro ano de atividades merece ser celebrado”, pontua Solange. “Este atendimento é um direito de todos os cidadãos que necessitam dele. Estamos aperfeiçoando os serviços oferecidos de forma que Toledo seja igualmente conhecida pelo seu desenvolvimento e pela sua capacidade de acolher bem a todos. Quem preferir ficar na rua, tem essa liberdade de escolha; quem adere ao Serviço de Casa de Passagem, tem aqui um espaço para recomeçar”, comenta Marília.
O vereador Leoclides Bisognin falou em nome da Câmara Municipal. “Parabenizo a equipe da Casa de Passagem pelo trabalho realizado e gostaria de enaltecer tanto o Executivo que manifesta sua vontade por meio de projetos de lei quanto o Legislativo que os aprecia e aprova. É a partir deste bom relacionamento que as políticas públicas acontecem”, observa.
Segundo o vice-prefeito Ademar Dorfschmidt, o primeiro aniversário da Casa de Passagem marca mais um momento de alegria da atual gestão. “Trago comigo a satisfação de ver a evolução acontecendo em vários setores da administração municipal, de perceber que a Casa de Passagem tem sido um instrumento poderoso de restauração da dignidade de dezenas de pessoas, sendo que algumas conseguem, a partir daqui, restabelecer os vínculos com sua família. É uma política pública que não presta um favor, mas, sim, garante direitos que todos nós temos”, salienta.
Em discurso dirigido diretamente aos moradores da Casa de Passagem, o prefeito Beto Lunitti falou sobre fé e oportunidade. “Independentemente da religião que vocês professam, peço às pessoas que estão na Casa de Passagem para que acreditem na capacidade que vocês têm de buscarem e conseguirem uma nova vida. Fiquem o tempo que precisarem, mas alimentem o sonho de saírem daqui transformados e preparados para os desafios que lhes esperam. Saibam que são importantes demais para a sociedade, para suas família e para vocês mesmos. Aproveitem esta equipe multiprofissional que está à disposição de vocês e busquem formação educacional e profissional para que boas oportunidades possam ser aproveitadas de forma que vocês logo consigam andar com as próprias pernas”, aconselha.
Depoimentos
A recomendação do prefeito é algo que J.S.L.* tem procurado seguir desde que ingressou na Casa de Passagem, há oito meses. “Já sofri demais pelas ruas e considero este tempo que estou aqui como se eu estivesse na minha própria casa. Vejo muita gente entrando e logo saindo dizendo que já está bom, mas logo volta para a rua e segue fazendo as coisas erradas de antes. Se a pessoa não tem um emprego fixo e uma família à espera, a rua “puxa” para as más amizades. No meu caso, o meu problema é com a bebida. Quando Deus abriu esta casa, ele me deu a oportunidade de não morrer na sarjeta e de, em breve, voltar para minha família, em Santa Helena”, relata.
Por tudo que a equipe da Casa da Passagem tem feito em sua vida, J.P. é muito grato. “Aqui estou muito bem amparado, com um serviço muito bom. Sou muito bem tratado e só tenho a agradecer a todos que trabalham aqui. Eu sei como é ruim viver na rua e não quero mais voltar para lá. Quero melhorar minha vida e não vou largar a oportunidade que está em minhas mãos”, recorda.
*Por questões de privacidade, os nomes das pessoas estão sendo apresentados somente com as iniciais