Centros da Juventude de Toledo: uma marco para as políticas públicas aos jovens

Centro da Juventude | Toledo

O ex-prefeito José Carlos Schiavinato idealizou o modelo em 2008, que serviu de piloto para a implantação de um Programa de Governo do Estado 

Isso transformou minha vida. Antes eu ficava na rua, fazendo coisa errada. Hoje sou outra pessoa”. Esse é o entendimento de Carlos Daniel, de 15 anos, sobre o Centro da Juventude (Ceju) Marcio Antônio Bombardelli, em Toledo. Ele é um dos milhares de adolescentes que já foram atendidos pelo espaço público desde sua implantação, em 2012. A visão evidencia a importância desse projeto, pioneiro no Paraná e que serviu de modelo para a adoção de uma política pública no Estado, que tem modificado a qualidade de vida dos jovens paranaenses.

A ideia do Ceju nasceu em 2008, final da primeira gestão do então prefeito José Carlos Schiavinato (Progressistas). O deputado revela que na época problematizou a necessidade da proteção integral da juventude. “Mas o sistema oferecia programas somente para os idosos e para as crianças, aos jovens não tinha nada”, recorda.

Ciente de que a adolescência é a fase da construção de identidades e de definições do futuro, Schiavinato idealizou um projeto que pudesse auxiliar essa população. “Surgiu então a proposta de um apoio ao jovem em várias modalidades atrativas. Esporte, lazer, convivência, cursos profissionalizantes, cultura, entre outros. Tudo em um único espaço, próprio para atender as necessidades específicas”.

Mas da imaginação à execução havia um longo caminho, desde a elaboração do projeto até a disponibilidade de recursos e oferta das atividades. A primeira etapa foi designar a uma equipe multidisciplinar para atuar. Assistentes sociais, educadores, engenheiros, arquitetos e vários servidores se reuniram para pensar e estruturar o Ceju. 

PROJETO

A arquiteta da época Karin Nisiide conta que a maior dificuldade foi justamente construir um conceito de um equipamento público inovador. “Nós que criamos tudo. Havia alguns direcionamentos, mas nada específico como queríamos. Lembro que formos para São Paulo para conhecer algumas iniciativas como os Centros de Apoio ao Jovem e nos inspirar”, salienta.

Esta busca por referência ajudou, mas o essencial foi o levantamento das reais necessidades do público. Diante das ações que seriam implantadas foram pensados os espaços físicos necessários. Buscou-se com que o Ceju fosse funcional. Tivesse uma estrutura física que satisfizesse todos os objetivos propostos. Era algo diferente e novo um desafio para os arquitetos e engenheiros.

O projeto realizado era moderno e audacioso, contemplando três eixos de atividades: formação intelectual, qualificação profissional e convivência. Eram mais de três mil metros quadrados de área projetada, com espaço para o administrativo, cozinha, refeitório, biblioteca, auditório, estúdio de música, laboratório de informática, quatro salas de cursos, quadra poliesportiva, sala de dança, sala de artes marciais, piscina coberta e aquecida e vestiários.

RECURSO

Com o projeto em mãos, o próximo passo seria também o maior desafio: conseguir recursos para a execução. O caminho encontrado pelo ex-prefeito Schiavinato foi “vender” a ideia para o Estado, na época com Roberto Requião como governador. 

A assistente social Ires Damian Scuzziato, que trabalhava na Prefeitura de Toledo e também atuava no Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, lembra que a ação foi muito bem aceita pelo Governo do Paraná. “Toledo conseguiu um financiamento para a execução do primeiro Centro da Juventude do Paraná, no modelo que o município havia concebido”, conta a profissional.

MODELO

Mas Toledo não conseguiu apenas os recursos – R$ 6 milhões para a obra e equipamentos – pela Secretaria do Desenvolvimento Urbano do Estado, como também desencadeou um Programa de Governo do Estado. A partir do modelo municipal, o Paraná criou um projeto próprio de Ceju e propôs criar dezenas de unidades, em diversos municípios, com recursos do Fundo Estadual para a Infância e Adolescência. O programa foi continuado e ampliado no governo Beto Richa. Hoje são 26 centros. “Toledo foi beneficiado ainda com mais um, o Centro da Juventude do Jardim Coopagro. Este dentro do programa do Estado”, acrescenta a assistente social. 

DIFERENCIAL

O primeiro Ceju do Paraná, o Marcio Antônio Bombardelli no Jardim Europa, em Toledo, foi inaugurado em 26 de janeiro de 2012, com uma estrutura totalmente diferenciada. O secretário da Juventude da época Robson Recalcatti revela que a unidade iniciou atendendo cerca de 1.200 jovens por mês em 35 atividades. “Havia de forma inédita um atendimento completo do jovem de 12 a 18 anos. Eram atividades esportivas, recreativas, culturais, profissionalizantes e de convivência. Fomos o primeiro a ofertar curso pré-vestibular. Todas as ações no contraturno, objetivando atingir realmente a necessidade da comunidade: tirar o adolescente da rua, já que o Ceju foi construído em um território de vulnerabilidade social”.

O deputado estadual Schiavinato avalia que a iniciativa do Ceju em Toledo foi um marco para as políticas públicas voltadas à juventude.  “É importante despertar nos jovens a importância da sua participação na sociedade. Os Cejus oferecem a eles a possibilidade de despertar seus dons, ter uma vida mais saudável, se profissionalizar, ter oportunidades e melhorar a qualidade de vida”.

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