Médicos da Secretaria de Saúde integrantes do Comitê de Operações Emergenciais (COE) alertaram sobre o número de crianças e adolescentes contagiados com o novo coronavírus. Sabe-se que apesar deste público ter uma melhor resposta, tanto do ponto de vista dos sintomas, quanto do agravo dos mesmos, definitivamente não estão imunes à doença.
“Não tem absolutamente ninguém até hoje que podemos dizer que está imune ao coronavírus. Inicialmente se acreditava que as crianças pudessem ser imunes, pois via de regra elas se comportam como monossintomáticas ou oligossintomáticas. Ou seja, ou elas apresentam um único sintoma (monossintomáticas) podendo ser tosse, coriza, dor de garganta ou febre…. Ou elas têm poucos sintomas (oligossintomáticas). Sintomas pouco evidentes ou mais leves na maioria das vezes”, explica o Médico Fernando Pedrotti.
“Elas vão apresentar infecção pela Covid-19 como qualquer outra pessoa. O que se observa é que o quadro clínico se apresenta mais leve na maioria das vezes e por isso nem sempre é identificado ou valorizado. Elas também têm uma evolução na média até melhor que o adulto. Observamos que as complicações são menores, do que entre os adultos e os óbitos também tem uma frequência menor entre crianças e adolescentes”, complementa Pedrotti.
Ele diz ainda que na faixa etária até 18 anos é normal uma situação com menos sintomas, quadro clínico menos exacerbado, com menos complicações. “Mas isso não significa que elas estejam imunes ou que não possam vir a apresentar essas complicações. O que também não significa que não possam ter complicações e evoluir para o óbito”, alertou.
Crianças contaminadas
A Pediatra da Secretaria de Saúde, Gabriela Kucharski, informou que até a última terça-feira (21) nós já tínhamos 173 crianças contaminadas com a Covid-19 em Toledo. “Nosso paciente mais jovem não tinha um mês de vida. No geral, o principal tipo de contato das crianças é domiciliar, isso quer dizer que são contaminadas no ambiente doméstico. Para se ter uma ideia, temos 12 crianças contaminadas com menos de um ano de idade”, informou.
“Como as crianças estão em casa, percebemos também uma redução de crianças doentes por outras enfermidades. O isolamento social tem protegido as crianças de outras intercorrências do ponto de vista infeccioso”.
Sintomas
Do total dos 173 casos confirmados positivos para a Covid-19 em Toledo, 33% das crianças e adolescentes tiveram um ou dois sintomas (oligossintomáticos) e 21% foram assintomáticos (não apresentaram nenhum sintoma). “Então metade das crianças não apresentaram sintomas ou apenas sintomas de quadro clínico leve. Isso deve servir de alerta para os pais”, destacou a Pediatra.
Os sintomas mais comuns que têm aparecido nas crianças são febre, seguido pela tosse, depois dor de cabeça, depois coriza e dor de garganta.
Dos sintomáticos, 45% só tinham dois sintomas, como febre e coriza, tosse e coriza, febre e dor de garganta. Sendo que 61% dos sintomáticos tiveram febre.
A Pediatra Gabriela explica que geralmente as crianças e adolescentes não apresentam complicações. “Mesmo assim, tivemos um paciente que precisou de UTI que foi pra Curitiba e um adolescente de 15 anos que foi internado na UTI em Assis Chateaubriand. Muitas vezes são assintomáticos ou oligossintomáticos, a mãe e o pai acabam não percebendo e com isso acabam passando para outras pessoas, e a preocupação são os avós”, pontua.
A preocupação é maior no sentido de que são portadores e transmitem com muita facilidade do que em relação as complicações que eles podem ter de fato a evolução. Além disso, crianças com comorbidades também representam um risco maior, assim como adultos ou idosos.
Distribuição por idade
Ao todo são 173 casos positivos com idade entre zero e 18 anos. Doze casos menores de um ano. Entre um e cinco anos de idade, 45 crianças testaram positivo para Covid-19. Entre os seis e nove anos, são 24. Entre dez e 14 anos, 37 casos. E entre os 15 e 18 anos somaram-se 55 casos positivos.
“O que chama atenção são os 67 casos entre zero e cinco anos. Identificamos que 65% do contágio é domiciliar. Alguém em casa identificado como doente transmitiu para as crianças”, apontou a Pediatra.
Região
As regiões da cidade que concentram um número maior de crianças contaminadas são do Bairro São Francisco, Jardim Bressan e Panorama. Ao todo, 53 crianças nessas localizações. “É a região com mais casos, natural que tenha mais crianças lá”, concluiu a médica Gabriela.