Após cinco meses de pandemia, Toledo avança no combate à Covid-19

Em 12 de março, um dia depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificar a Covid-19 como pandemia, pois o novo coronavírus tinha chegado a todos os continentes, o Brasil registrava, em São Paulo, a primeira morte pela  doença causada pelo Sars-Cov-2. Passados cinco meses, esta ainda não foi contida em nosso país, vitimando, em média, mais de 1.000 pessoas por dia, mas em Toledo a situação começa a ficar menos preocupante.

De acordo com o Boletim Epidemiológico publicado pelo governo municipal nesta quarta-feira (12), 3.365 moradores de Toledo tiveram Covid-19 desde 7 de abril, quando o primeiro caso foi confirmado. Destes, 3.013 já se recuperaram e 31 vieram, infelizmente, a óbito. Isto significa que existem ainda 321 pacientes com o novo coronavírus ativo em seu corpo.

Levando em conta a média móvel, parâmetro adotado pelo consórcio de órgãos de imprensa que tabulam os dados fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde, houve uma média diária de 23 novos casos em Toledo nos sete dias anteriores a ontem, o que demonstra que o avanço da pandemia no município está em desaceleração. O “pico” foi registrado em 22 de junho, quando este índice chegou a 75. 

A partir de 14 de julho, a média móvel de recuperados superou a de novos casos e essa tendência se consolida a cada dia. O mesmo ocorre em relação ao número de mortes, com a média caindo consideravelmente a partir da segunda quinzena de julho. A maior média móvel de novos registros de óbito foi a de 5 de julho, com um salto de 11 para 19 mortes (crescimento de 73%) em uma semana – a primeira ocorreu em 31 de maio.

Felizmente, de lá para cá, a situação melhorou bastante com a efetivação de mais oito leitos (de 16 para 24) na unidade de terapia intensiva (UTI) do Bom Jesus, um dos hospitais de referência para atendimento a pacientes confirmados ou suspeitos de terem a doença na Macrorregional Oeste. Em Toledo, o índice de letalidade, proporção de mortos em relação ao número de infectados, é de 0,92%, número abaixo das médias estadual (2,56%) e nacional (3,33%). Por detrás deste resultado existe um fator primordial no combate à Covid-19: o alto número de testagens que, consequentemente, detecta a presença do Sars-Cov-2 em um maior número de pessoas, sobretudo aquelas que manifestaram a doença em sua forma assintomática. A identificação destes casos permite que estes sejam mapeados e, assim, se quebre ou reduza a cadeia de transmissão do vírus entre a população.

Desde o início da pandemia, mais de 11% da população do município foi submetida a algum exame (RT-PCR, sorológico ou rápido), média em que Toledo também se destaca em comparação com o Paraná e o Brasil, que testaram, respectivamente, 2% e 1% de sua população. Das 3.337 pessoas infectadas pelo novo coronavírus em Toledo, 1.512 tiveram o quadro confirmado por meio dos 11.497 testes aplicados no município. 

Novos passos

Além de mais leitos na UTI do Bom Jesus, agosto também marca o início de uma nova fase no combate que Toledo trava contra a Covid-19, com ações que objetivam a retomada gradual dos serviços de saúde dentro da normalidade pré-pandemia. Exemplo disso foi a reabertura das unidades básicas de saúde (UBS) da Vila Industrial e dos distritos de Novo Sobradinho, Dois Irmãos e Boa Vista, que permaneceram fechadas por mais de quatro meses. 

Com este retorno às atividades, as quatro UBS se juntam às dos bairros Coopagro, São Francisco, Europa, Centro e Maracanã, e dos distritos de São Luiz do Oeste, Vila Nova e Vila Ipiranga, na realização de procedimentos gerais (curativos, vacinas, consultas e dispensa de medicamentos), exceto aqueles que envolvam pacientes com sintomas de síndrome gripal (tosse, febre, dor de garganta, falta de ar, entre outros).  Estes devem se dirigir aos postos do Santa Clara, Panorama e Cosmos, que funcionam de segunda a segunda, das 7h às 19h – antes, é fundamental ligar para o TeleCorona – (45) 3055-8872 – para que uma equipe de médicos avalie se é necessário buscar atendimento – e, caso precisem, onde fazê-lo. 

As unidades do Coopagro e Europa também foram destinadas como referência para atendimentos odontológicos e as gestantes estão sendo encaminhadas para a unidade do Paulista. Permanecem fechadas as UBS do Porto Alegre, Alto Panorama, Pancera, Concórdia e Bressan. 

O Pronto Atendimento Municipal Doutor Jorge Milton Nunes, o Mini Hospital da Vila Pioneiro, atende, desde 11 de junho, exclusivamente pacientes com suspeita ou diagnóstico positivo de Covid-19 que necessitem de internação. Esta é uma medida provisória que foi tomada em junho, quando houve um crescimento dos casos da doença em Toledo. A população que necessite de outro tipo de atendimento de urgência deve se dirigir à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na Vila Becker.

Suporte e cuidado

Todas estas ações foram sugeridas e/ou avaliadas pelo Centro de Operações Emergenciais (COE), comitê que reuniu membros do poder público e da sociedade civil organizada com o objetivo de promover um debate técnico acerca da pandemia e orientar as autoridades constituídas na tomada de decisões. Passaram por ali as estratégias de combate à Covid-19, como a viabilização e ampliação do número de leitos de unidade de tratamento intensivo (UTI) específicos para pacientes que apresentavam sintomas graves da doença.

Os encontros do COE são periódicos e, seguindo normativas da Secretaria de Estadual da Saúde (Sesa), do Ministério da Saúde e da OMS, avalia-se o panorama da Covid-19 em Toledo e medidas mais amplas ou mais flexíveis de restrição de circulação de pessoas são sugeridas ao Executivo Municipal. “A avaliação do nosso grupo a respeito do quadro atual é positiva, visto que estamos num cenário de queda no número de casos com tendência à estabilidade. Em 17 de julho tínhamos uma média móvel de 49 casos por dia; em 7 de agosto, esse índice baixou para 22, ou seja, uma queda de 55,1%. É um decréscimo considerável, mas gostaríamos que fosse ainda maior”, observa o porta-voz do COE, o médico Fernando Pedrotti.

O porta-voz, contudo, observa que o “alívio” no quadro pandêmico não pode ser sinônimo de descuido nas ações de prevenção ao novo coronavírus. “Essa melhora é uma somatória do empenho dos profissionais de várias áreas envolvidos neste combate e da consciência das pessoas e empresas cuja imensa maioria adotou medidas que evitam a disseminação do Sars-Cov-2, as quais devem ser mantidas para impedir que este vírus de alta contagiosidade volte com mais intensidade”, alerta Pedrotti. 

Embora o número de novos casos esteja diminuindo, o número de pessoas hospitalizadas em razão da Covid-19, de acordo com o médico, ainda é semelhante ao de um mês atrás, o que deixa as autoridades municipais da saúde bastante preocupadas. “A gente se preocupa bastante porque os pacientes com mais de 60 anos representam menos de 10% dos infectados, mas ocupam mais de 60% dos internados e também mais de 60% daqueles que foram a óbito. Por tudo isso, é importante que a população idosa redobre os cuidados. O número absoluto de pessoas que fazem parte deste público ainda não diminuiu, apesar de o número de total de novos casos estar em queda”, observa.

A secretária de Saúde, Denise Liel, pede que a população redobre os cuidados, higienizando as mãos (incluindo os pulsos, as unhas e os espaço entre os dedos) com água e sabão ou álcool em gel várias vezes ao dia, evitando estar ou formar aglomerações, mantendo os ambientes sempre ventilados e arejados, e cobrindo o rosto com o braço ou um lenço descartável ao tossir ou espirrar. “Reforçamos que a pandemia perdeu força, mas ainda não é momento de fazer reuniões com amigos, colegas ou familiares. Sempre que possível, fique em casa e só saia quando realmente for preciso e use sempre máscara do jeito certo, cobrindo toda a boca e o nariz. Assim, poderemos evitar a contaminação de mais pessoas e conter a pandemia em Toledo”, salienta.

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