Em apenas seis semanas, Toledo viu a situação em relação à dengue se transformar completamente. Se em 8 de fevereiro, havia um certo controle (mesmo com várias cidades da região com surtos e epidemias da doença), com somente um caso confirmado no município no atual ano epidemiológico, iniciado em agosto de 2021, agora esse número saltou para 60 (56 autóctones e quatro importados), um crescimento de 5.900% no período.
E a quantidade de pessoas que podem estar com dengue pode crescer de forma significativa nos próximos dias, pois havia em Toledo, até esta quarta-feira (23), 120 pacientes com sintomas da doença aguardando a resposta do exame – em 108 coletas o resultado foi negativo. Somando casos confirmados, descartados e em análise, o município tem 288 notificações de dengue, quase o quádruplo de seis semanas atrás (73) – entram nesta conta todos aqueles que procuraram serviços de saúde apresentando sintomas típicos de dengue, como petéquias (manchas avermelhadas na pele), dor abdominal e febre.
As comunidades que registram o maior número de focos de Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, sobretudo bebedouros de animais, vasos de plantas e lixo doméstico, estão nos bairros Pioneiro, Maracanã, Boa Esperança e Pancera, e no distrito de Vila Nova. Em relação aos casos, estes estão geograficamente distribuídos da seguinte maneira (em ordem decrescente): Paulista (9), Pioneiro (6), Centro e Fachini (5 cada), Boa Esperança, Operária, Pancera, Panorama e Santa Clara IV (3 cada), Dez de Maio, Gisela, Maracanã e Porto Alegre (2 cada), Bressan, Cerro da Lola, Concórdia, Concórdia do Oeste, Coopagro, da Mata, Europa, Filadélfia, Independência, Novo Sarandi, Tancredo e Vila Nova (1 cada).
De acordo com a coordenadora do Controle e Combate às Endemias, Lilian Konig, estes números colocam Toledo na iminência de uma epidemia, o que está sendo evitado com o máximo das forças pela equipe do setor, que tem intensificado as ações de combate, como a aspersão de inseticida por meio de bomba intercostal e visitas domiciliares nos fins de semana nas regiões da cidade e do interior mais críticas. “Parte expressiva da população, infelizmente, não tem colaborado da forma como deveria. Para isso mudar, pedimos a todos para que abram as portas e as janelas quando o inseticida estiver sendo espalhado e para que faça periodicamente uma geral no quintal, eliminando ou cobrindo todo e qualquer objeto que possa acumular água, ao menos uma vez por semana. Além disso, recomendamos que também faça uso de repelente, passando-o sobre a pele ao menos a cada duas horas. Por ora, este deve ser um hábito que precisa fazer parte da nossa rotina”, observa.
Lilian também pede para que a população facilite o trabalho dos agentes comunitários de endemias. “Quando o agente vai ao imóvel e não encontra ninguém, ele deixa um bilhete com o número para o qual ele pode ligar agendando uma nova visita fora do horário comercial. Pelo bem de toda a comunidade, pedimos para que as pessoas que se encontram nesta situação façam isso”, aconselha. “Para não ficarmos completamente ‘no escuro’, sem saber qual o nível de infestação do Aedes aegypti em nosso município, pedimos para que as pessoas com sintomas de dengue busquem atendimento médico imediatamente e façam, no tempo certo, o exame para detectar a doença”, acrescenta.