Durante a pandemia do Covid-19 foi necessário referenciar um serviço único para proteger e dar uma atenção diferenciada para gestantes, puérperas e crianças atendidas nas unidades de saúde do município. Profissionais da rede foram remanejados para este local e o resultado foi uma significativa melhora da morbimortalidade, tanto materna, como infantil. A taxa de mortalidade infantil diminuiu de 13,75 para 7,25 por mil nascidos vivos. Com o sucesso da iniciativa, a gestão decidiu manter este serviço com a criação do Ambulatório Materno Infantil (AMI), em 2021, como programa de governo para atendimento à gestante e criança de risco alto e intermediário.
Atualmente são realizadas mensalmente, em média, 320 consultas de ginecologia, 420 de pediatria e 180 de equipe multidisciplinar. “Desde 2021 seguimos uma portaria da Secretaria de Estado da Saúde sobre a estratificação das gestantes e crianças de alto risco. A equipe de enfermagem de cada unidade de saúde faz a primeira estratificação. Durante o pré-natal, se um exame der alterado, a enfermeira já pode encaminhar para o Ambulatório Materno Infantil (AMI). Temos uma equipe multidisciplinar para realizar os atendimentos e se for necessário encaminhar para outro profissional o paciente já sai com o agendamento do consultório”, explica a coordenadora do AMI, enfermeira Márcia Mallmann.
Caso Luan – Durante a gravidez do seu quarto filho, a boleira Sandra Ribeiro da Silva (32) foi realizar um exame para saber o sexo da criança e descobriu uma má formação no feto. A mãe entrou em desespero, mas buscou o atendimento do AMI, pois as primeiras notícias não eram muito animadoras. Em pouco menos de uma semana, a mãe relata que já estava a caminho de São Paulo para um atendimento especializado, já que, uma das suspeitas é de que seria necessário operar o bebê ainda durante a gestação. Essa possibilidade foi descartada com novos exames, porém a situação ainda era delicada. Sandra retornou a Toledo sabendo que o pequeno Luan Gabriel Ribeiro Piassi teria que se submeter a uma cirurgia logo após o parto e, de preferência, em um hospital de referência.
A equipe do AMI continuou a prestar todo o suporte para tranquilizar Sandra e encontrar uma equipe de referência que pudesse atender todos os requisitos para aquela situação. Foi uma corrida contra o tempo. As redes de contato entre médicos e profissionais foram acionadas e o Hospital do Rocio na cidade de Campo Largo foi escolhido para realizar o parto e a cirurgia. Essa foi a melhor estratégia encontrada, pois a equipe do AMI entendeu que o risco de um deslocamento da mãe gestante era menor que dois deslocamentos até a capital do estado com um recém nascido.
“Eu cheguei desesperada quando procurei a Márcia, mas em todo momento me tranquilizaram. Ela disse para eu parar de focar nas estatísticas ruins da internet e focar no caso do meu filho. Eu me senti muito acolhida aqui [no AMI], por todos os profissionais, desde a recepção. Eu tive medo, noites sem dormir, eles sempre me animando, falando coisas positivas, ao mesmo tempo que falavam de todas as possibilidades que poderiam acontecer. O suporte que me deram foi de extrema importância e fez total diferença. Não sei o que seria de mim se não tivesse o ambulatório. Atendimento foi melhor que particular”
A gestante foi encaminhada para o hospital de referência, preparada para ficar por volta de um mês longe da família até que o parto e a cirurgia fossem realizados e ambos pudessem voltar recuperados. As expectativas foram superadas mais uma vez. Como não houve complicações e a recuperação foi rápida, uma semana depois já estavam retornando para o município. Sandra fez questão de contar sua história para dizer a outras mamães que elas têm com quem contar em Toledo e pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Luan nasceu no dia 14 de novembro, no dia 15 foi operado e a primeira consulta dele com a pediatra foi na última semana. Segundo a médica pediatra Robertta Zandona, Luan está muito bem e não apresenta indícios de sequelas.
A ginecologista Mariana Marassi acompanhou Sandra no AMI e também elogiou sua garra e preocupação. “Sandra foi uma gestante muito especial. Tinha tudo para dar errado, mas buscou o atendimento no ambulatório, correu atrás e confiou no trabalho da equipe. Nós tínhamos que ser ágeis, pois uma gestação tem tempo para acontecer, fomos atrás de uma equipe em Curitiba que tivesse os profissionais que não temos aqui e conseguimos. Estamos muito felizes com o resultado e por saber que mamãe e bebê estão bem”, salienta a médica.
Equipe – O time do AMI é formado por médicos pediatras, ginecologistas e obstetras, além de enfermeiros, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais e nutricionistas que pensam na saúde e bem-estar de mães e filhos, conforme a necessidade de cada paciente. “Estes profissionais estão preparados para atender, com amor e humanidade, os pequenos cidadãos, dos primeiros meses de gestação e nos anos iniciais”, explica Gabriela. Além de equipe profissional, o AMI disponibiliza serviços de ecografia, fisioterapia obstétrica, ultrassonografia e auriculoterapia.