Um encontro, realizado no auditório do Centro de Eventos Ismael Sperafico, na terça-feira (30), discutiu a possibilidade de Toledo abrigar um terminal multimodal para transbordo de cargas dentro do traçado da Nova Ferroeste, ferrovia que terá sua linha principal conectando Maracaju, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná. Estiveram presentes o coordenador do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário do Paraná, Luiz Henrique Fagundes, o prefeito de Toledo, Beto Lunitti, lideranças políticas, técnicos dos órgãos estaduais e empresários da região.
Conforme explanação, o projeto da Nova Ferroeste surgiu a partir da sinergia logística entre o Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. A conexão desses três estados por trilhos vai permitir a redução do custo logístico em cerca de 28% e garantir o trânsito de mercadorias para consumo interno, e principalmente, para exportação. A intenção do debate era inserir a Região Oeste neste contexto, com a implantação de um terminal, tendo como justificativa o potencial produtivo da região. “Somos o supermercado do mundo e precisamos que toda essa riqueza que produzimos através do nosso agronegócio chegue a mais pessoas, com um custo menor”, comentou Lunitti. O vice-prefeito Ademar Dorfschmidt também acompanhou o momento.
Para Fagundes, os objetivos principais da reunião eram apresentar dados sobre como o projeto está sendo desenvolvido e debater a possibilidade de um terminal de transbordo na região, mas precisamente em Toledo. “Este terminal não está previsto no projeto inicial, porém a demanda é legítima, pois o oeste paranaense é onde mais se produz alimento por metro quadrado no mundo. Vocês possuem um potencial significativo e acreditamos que quem for gerenciar essa ferrovia olhará com carinho para essa situação”, disse.
Já a presidente da Associação Comercial e Empresarial de Toledo (ACIT), Anaide Holzbach, reforçou a importância do Terminal de Cargas de Toledo como uma alternativa para descongestionar os trabalhos em Cascavel. Ela destacou os desafios enfrentados pelo transporte rodoviário nos últimos anos e como esse terminal em Toledo poderá agilizar processos e reduzir custos, considerando a localização estratégica no extremo Oeste. “A perspectiva é otimista, com ênfase nas possibilidades tecnológicas que o terminal pode oferecer à região após sua instalação”, destacou.
Ao todo serão 1.567 quilômetros de trilhos que vão passar por 66 municípios. Estão previstos ainda dois ramais: um deles liga Cascavel a Foz do Iguaçu, permitindo a captação de carga da Argentina e Paraguai e o outro entre Cascavel e Chapecó, um dos maiores redutos da produção de proteína animal do país. Em quase todas as cidades ao longo da estrada ferro, o traçado desvia os centros urbanos e passa distante das áreas em desenvolvimento. O Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental (EVTEA) indicou a circulação de 38 milhões de toneladas de grãos e contêineres no primeiro ano de operação da ferrovia.
Deste total, 26 milhões devem seguir com destino à exportação, tornando essa malha ferroviária o segundo maior corredor de grãos e contêineres refrigerados do país. Entre os principais produtos estão grãos, soja e milho, e proteína animal processada e congelada. Boa parte da colheita de milho do Mato Grosso do Sul tem como destino as empresas instaladas no oeste catarinense onde é transformado em ração para porcos e galinhas. Após o abate e processamento, com a construção da Nova Ferroeste, o produto poderá retornar, a partir de Chapecó, pela mesma ferrovia até Cascavel, de onde seguirá com destino a outras regiões do Brasil e ao Porto de Paranaguá para exportação.
Em Foz do Iguaçu, o ramal que se conecta com Cascavel, vai atrair, em sua maioria, carregamentos de grãos cultivados na Argentina e no Paraguai. A implantação da ferrovia será um grande atrativo para agricultores e empresas dos países vizinhos escoarem seus produtos pelo porto de Paranaguá.
Leilão e contrato – O contrato que será levado a leilão prevê a cessão onerosa de cinco contratos, um de concessão (vigente desde a década de 1980) e quatro de autorização (obtidos em 2021) que completam o traçado previsto para a estrada de ferro. A intenção é colocar a ferrovia em leilão na Bolsa de Valores do Brasil, com sede em São Paulo. A empresa ou consórcio que vencer a concorrência será responsável pelas obras e poderá explorar a ferrovia por 99 anos (renováveis).
O edital tem como cláusula obrigatória o início da operação entre Cascavel e Paranaguá sete anos após a assinatura do contrato. O valor a ser investido neste trecho da ferrovia é estimado em R$ 11,5 bilhões (sem material rodante). A ordem de execução das ligações com o Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Foz do Iguaçu será definida pelo empreendedor, o orçamento atual é de R$ 21,3 bilhões.